Saiu da garagem, pagou
A Holanda vai cobrar tarifa por quilômetro rodado de todos os carros do país... A intenção é diminuir os enormes congestionamentos de trânsito:
Holanda, um dos países com maior densidade populacional da
Europa, é também um dos que mais sofrem com congestionamentos
de trânsito. Nos horários de pico, em Amsterdã e arredores, as
lentidões chegam a se estender por 1000 quilômetros. Na tentativa
de diminuir essa tortura diária infligida aos cidadãos, o ministério
dos transportes
holandês anunciou que, a partir de 2012, passará a cobrar uma
taxa por quilômetro rodado de todos os carros que circulam no
país. A tarifa básica será de 3 centavos de euro por quilômetro,
com previsão
de reajuste gradual até chegar a 6,7 centavos em 2017. Os
valores serão maiores nas vias mais movimentadas e nos horários
com volume de trânsito maior. Carros híbridos e muito econômicos
terão descontos. Como compensação pela nova taxa, os impostos
sobre veículos serão reduzidos. Até a cobrança entrar em
vigor, todos os motoristas holandeses terão de equipar seus carros com
aparelhos de GPS, que enviarão as informações sobre sua
movimentação a uma central responsável pela cobrança. A falta
do GPS acarretará multa.
Com a medida, o governo holandês espera reduzir pela metade
os congestionamentos de trânsito até 2020. Outra consequência
será a diminuição das emissões de gases do efeito estufa. Esse
benefício é especialmente bem-visto num país com boa parte de
seu território abaixo do nível do mar. Caso se concretize a
previsão de elevação dos oceanos devido ao derretimento das
geleiras do Ártico, a Holanda seria uma das primeiras vítimas
da inundação das zonas costeiras.
O
modelo criado pelos holandeses, de taxar toda a frota
nacional, é inédito, mas o pedágio urbano vem sendo adotado por
várias cidades do mundo como forma de aliviar o trânsito em
seus pontos mais críticos. Singapura implantou o pedágio na
área central em 1975 e, em quinze anos, conseguiu reduzir os
engarrafamentos em 40%. Em 2003 foi a vez de Londres passar a cobrar
dos motoristas para circular, das 7 da manhã às 6 da tarde, numa
área de 22 quilômetros quadrados em torno do centro da cidade. A
tarifa, inicialmente de 5 libras, está hoje em 8 libras, cerca de 22
reais, e a área foi ampliada. Em um ano, os congestionamentos
no centro londrino foram reduzidos em 30%.
Em Estocolmo, na Suécia, o pedágio foi implantado em 2007.
Antes de dar o aval por meio de um plebiscito, a população da
cidade testou o sistema durante seis meses. Um transmissor acoplado ao
para-brisa emite um sinal quando o carro passa sob arcos
metálicos com sensores instalados nas vias que dão acesso ao
centro da cidade. O valor é debitado diretamente na conta
bancária do condutor. A Holanda fez outras tentativas para
melhorar o fluxo de veículos, como criar pistas exclusivas para carros
com mais de três ocupantes e distribuir brindes aos passageiros
dos transportes públicos. Nada deu certo. Agora, a expectativa é
sensibilizar os motoristas pelo bolso.
Fonte: Revista Veja.com, janeiro de 2010.
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