quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Prefeitura estimula o transporte sustentável e distribui bicicletas para alunos da rede municipal de ensino.


Prefeitura de Santo Cristo distribui bicicletas para estudantes.



450 bicicletas aros 20 e 25 foram distribuídas para alunos da rede municipal de ensino de Santo Cristo, município da região Noroeste do RS, através do Programa Caminho da Escola, do Governo Federal. A secretária municipal de educação, Marli Kreüse, em entrevista para a Rádio Progresso, esclareceu que foi uma oportunidade encontrada pelo prefeito quando de uma de suas estadas em Brasília no ano passado e tomou conhecimento do Programa.

Após debate com professores, pais e alunos, o município procurou se habilitar e no final de 2012 as bikes e equipamentos chegaram a Santo Cristo. Logo de início, explicou a secretária, havia pouca procura, mas logo que alguns alunos começaram a utilizar o meio de transporte, todas as demais foram adquiridas.

Antes da entrega da bicicleta, que vem equipada com capacete e kit para pequenos reparos, pais, alunos e professores passaram por um treinamento oferecido pela Brigada Militar. Em recente avaliação, a iniciativa foi muito elogiada. Não foi registrado nenhum imprevisto e o Programa deve ser ampliado nos próximos anos. De acordo com o regulamento, após dois anos de uso, o equipamento passa a pertencer a família que a utiliza. Além de incentivar o uso do transporte alternativo, os estudantes se divertem e praticam exercício físico.

fonte: http://radioprogresso.com.br/?pg=desc_noticia&id=3392&nome=Prefeitura%20de%20Santo%20Cristo%20distribui%20bicicletas%20para%20estudantes&cat=Educa%C3%A7%C3%A3o

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Roubou a própria bicicleta do ladrão

Achou a bicicleta roubada na internet e tomou de volta do ladrão

Foto: Facebook
Uma garota canadense teve sua bicicleta roubada e, poucos dias depois, descobriu que um modelo muito semelhante tinha sido posto à venda no Craiglist (site de anúncios classificados online). A moça resolveu fazer justiça de uma forma sensacional, conforme este post do site de notícias Gawker.

A canadense (resolveu permanecer anônima) tinha certeza que era a bicicleta dela. Marcou um encontro com o "vendedor" para fechar a transação. Quando chegou ao local, teve a certeza que era mesmo a bicicleta que havia sido roubada. Pediu para dar uma volta e foi embora, roubando a própria bicicleta de volta.
Ela então ligou para uma amiga que estava de carro monitorando o encontro e fugiu do ladrão, que tentava alcançá-la correndo. A moça ainda ligou para o ladrão para "se desculpar" por não ter pago a bicicleta que ele havia roubado. Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Emplacamento de bicicletas

Como foi a Audiência Pública sobre o emplacamento de bicicletas em São Paulo

Foto: Willian Cruz
Foto: Willian Cruz
Veja também
Assista o vídeo completo da Audiência Pública
Em meio a tantos problemas que São Paulo enfrenta, como o aumento da passagem do transporte público e a constante insegurança que o ciclista sofre no trânsito, o vereador Adilson Amadeu (PTB) levou para votação um Projeto de Lei de sua autoria (PL 224/2012) que pretende estabelecer o emplacamento e licenciamento de bicicletas, além de obrigar o uso de capacete, óculos, luvas e “calçado de sola antiderrapante”.
O vereador é proprietário de um grande escritório de despachantes em São Paulo, mas rebate as acusações de que teria interesse pessoal na aprovação do projeto, afirmando que os custos seriam arcados pelo fundo de transportes da cidade, sem onerar o cidadão no momento do licenciamento.
A justificativa do PL afirma que o objetivo é “criar em âmbito municipal uma espécie de cadastro e controle das bicicletas utilizadas nas vias públicas da cidade” e o embasamento são “matérias jornalísticas que informam sobre o desrespeito às regras de transito por ciclistas”. O texto da lei informa que a bicicleta “será de imediato apreendida” quando estiver sem placa ou licenciamento vencido e, apesar do autor do afirmar que não haverá cobrança, o artigo 8º especifica que o poder público poderá “cobrar do proprietário taxa para custear o licenciamento e emplacamento das bicicletas”.
Ciclistas lotaram o bicicletário da Câmara. Foto: Rachel Schein
Ciclistas lotaram o bicicletário da Câmara. Foto: Rachel Schein

A Audiência Pública

Solicitada pelo vereador Ricardo Young (PPS), que compõe a Frente Parlamentar pela Mobilidade Humana, uma Audiência Pública foi realizada no dia 12 de junho de 2013, na Câmara Municipal de São Paulo. Cerca de 70 ciclistas compareceram para manifestar-se contra o Projeto de Lei que, em vez de ajudar, prejudica a segurança dos ciclistas nas ruas. Entre eles estava David dos Santos Souza, o ciclista atropelado por Alex Siwek na Av. Paulista, em março de 2013.
Como parte da justificativa para o PL, o vereador Adilson Amadeu apresentou no começo da sessão uma matéria do Jornal Nacional, mostrando as supostas imprudências que os ciclistas cometem, como andar na calçada e aguardar o semáforo abrir usando um pedaço da faixa de pedestres. Com o emplacamento, seria possível fiscalizar e punir o comportamento desses maus cidadãos.
Willian Cruz, do Vá de Bike, foi uma das vozes contrárias ao emplacamento. Foto: Rachel Schein
Willian Cruz, do Vá de Bike, foi uma das vozes contrárias ao emplacamento. Foto: Rachel Schein

Comportamento e segurança

“O ciclista está na calçada, como ele mesmo disse [no vídeo apresentado], porque não se sente seguro na rua”, disse Willian Cruz, do Vá de Bike, o primeiro da sociedade civil a ter a palavra. No final, Gabriel di Pierro, daCiclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos da cidade de São Paulo), também comentaria a matéria, mencionando os erros que os jornalistas cometem ao montar matérias sobre o assunto.
A sinalização, planejada exclusivamente para os carros, também foi assunto levantado por diversos ciclistas. Por que o ciclista deve esperar o semáforo ao lado dos carros, sendo que para sua segurança o melhor é esperar à frente deles?  A matéria exibida mostrou um ciclista aguardando o semáforo numa parte da faixa de pedestres, no espaço onde poderia haver uma bike box, não por acaso o lugar mais seguro para aguardar o semáforo abrir para sair em segurança.
Por que os ciclistas devem ser obrigados a dar uma longa volta, muitas vezes com subidas, para não pegar um pequeno trecho de contramão? Por que o ciclista deve ter que sair ao lado do ônibus no semáforo, arriscando sua própria vida? Em resumo, porque o ciclista deve ser punido por não obedecer a uma sinalização planejada unicamente para os carros, quando em algumas situações ela o coloca em risco?

Prevenção de roubos

Outro dos argumentos do vereador Adilson Amadeu é a diminuição dos roubos. Para ele, o emplacamento coibiria esse tipo de crime e facilitaria a recuperação da bicicleta roubada. Mas esse argumento foi desmontado por Willian logo no início da sessão: “quem for roubar uma bicicleta emplacada vai tirar a placa e emplacar novamente”, esclareceu. “Isso não vai resolver o problema do roubo, assim como emplacamento não resolve o problema do roubo de carro”.
Thiago Benicchio, da Ciclocidade. Foto: Rachel Schein
Thiago Benicchio, da Ciclocidade. Foto: Rachel Schein

Questionamentos

Vários ciclistas, presentes na audiência, argumentaram contra o projeto. Willian Cruz apresentou questões de várias frentes:
  • Bicicletas infantis deverão ser emplacadas?
  • Como ficam as bicicletas dos turistas que vêm para a Copa?
  • Questões técnicas: onde prender a placa, se muitas não tem bagageiro?
  • Questões de segurança viária: será que já é o momento de colocarmos os idosos e crianças pra pedalarem nas avenidas junto aos carros? Ou primeiro temos que tornar o trânsito seguro, para depois os tirarmos das calçadas?
  • Questões operacionais:  a cidade realmente precisa desse investimento ou há outras coisas que devem ser feitas com esse orçamento pra tornarem as ruas mais seguras?
  • Questão social: burocratizar o uso da bicicleta afasta o cidadão do uso desse tipo de transporte.
Essas questões foram colocadas em um documento pelo fotojornalista e ciclista Carlos Crow, tendo sido entregue e protocolado como ofício às comissões de Trânsito e Transportes, de Constituição e Justiça, de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente e de Administração Pública, além do gabinete do vereador Adilson Amadeu, proponente do PL.

Burocratização e oneração

Thiago Benicchio, da Ciclocidade, reforçou a importância da bicicleta para a cidade e a dificuldade que o projeto criaria para seu uso: “A bicicleta ajuda a melhorar a condição de vida e ajuda a melhorar o trânsito. Como a criação de uma burocracia, de algo que dificulta o acesso e o uso da bicicleta, pode atender esse anseio que não é só do ciclista, mas da população da cidade de São Paulo, de aumentar o uso da bicicleta?” E concluiu: “então criar um processo que dificulta o uso da bicicleta pra melhorar o uso da bicicleta não faz muito sentido”. Thiago também pediu para que esse assunto seja discutido na Frente Parlamentar de Mobilidade Humana.
Carlos Crow criticou a oneração que isso traria ao trabalhador de baixa renda que depende da bicicleta como meio de transporte, utilizando-a como maneira de fugir do custo do transporte público, e citou a alta carga de impostos que já incidem sobre bicicletas e peças.
Evelyn Araripe, do Bike Anjo: países referência no uso da bicicleta não emplacam. Foto: Willian Cruz
Evelyn Araripe, do Bike Anjo: países referência no uso da bicicleta não emplacam. Foto: Willian Cruz

Obrigatoriedade de acessórios

O uso de capacete e equipamentos de segurança, que o PL pretende obrigar, também foram questionados. Afinal, o capacete pode proteger o ciclista no caso de uma queda, mas não de um atropelamento. “Tanto Márcia como Juliana, que morreram atropeladas por motoristas de ônibus na Av Paulista, estavam usando capacete. Antônio Bertolucci também”, relatou Gabriel di Pierro, também da Ciclocidade.
Evelyn Araripe, do Bike Anjo, contou que já teve a oportunidade de pedalar na Alemanha, Dinamarca e Holanda, países referência no uso da bicicleta, que não utilizam emplacamento ou licenciamento. E citou pesquisas que demonstram que os motoristas se sentem mais seguros para desrespeitar o ciclista quando ele ostenta equipamentos de proteção, por imaginar que a consequência de um acidente será menor já que ele aparenta estar protegido de uma queda.

Segurança x fiscalização

A segurança foi o assunto mais discutido: como exigir que o ciclista cumpra a lei se ele não tem segurança para circular na cidade, caso cumpra sem exceções as regras determinadas pela lei de trânsito? ”Como eu vou levar meu filho pra escola se não for pela calçada?”, questionei quando tive a palavra. “Como eu vou pela rua, onde a velocidade permitida é de 60 km/h?”
Ou seja, a lógica está completamente invertida. Por que não usar o dinheiro gasto em emplacamento na construção de um caminho seguro para o ciclista, na sinalização das vias, nas campanhas de respeito no trânsito e na melhoria das calçadas?
Gabriel di Pierro, da Ciclocidade, questionou as prioridades da cidade em relação aos ciclistas. Foto: Willian Cruz
Gabriel di Pierro, da Ciclocidade, questionou as prioridades da cidade em relação aos ciclistas e o embasamento do PL. Foto: Willian Cruz
“Quanto mais bicicletas, menos acidentes”, afirmou Gabriel di Pierro. “A Secretaria de Saúde diz que a maior causa dos acidentes envolvendo ciclistas são embriaguez e desatenção por parte de motoristas de veículos motorizados. Foram mortos 52 ciclistas em 2012, mas nenhum ciclista matou ninguém, então se a gente vai fazer alguma lei, que façamos com base em diagnósticos, estudos e pesquisas. Como são poucos disponíveis, infelizmente, podemos criá-los”, sugeriu.
Benicchio também citou que 4 pessoas por dia morrem na cidade em acidentes envolvendo veículos motorizados. E disse que ciclistas não representam um perigo, que os dados mostram que o perigo é representado por carros. Ainda há muitas mudanças a serem feitas, muitas leis a serem cumpridas, antes da criação de um obstáculo a mais para quem sempre está no papel da vítima, e não de responsável, pelas mortes no trânsito.
“Todos os cicloativistas são heróis sem capa”, disse a ciclista Cristiane Frison, ao fazer uso da palavra. “Tem que ter coragem, porque até como pedestre a gente corre riscos”, afirmou. “Tem gente que faz uso do skate, qual e o próximo passo? Emplacar o skate, emplacar o patins, emplacar o par de tênis? Eu vou pro trabalho a pé porque eu desmaiei por duas vezes no metrô, completamente desnorteada, fui colocada pra fora da Sé e os funcionários do metrô me colocaram no táxi! Baixou minha pressão, por causa do metrô lotado. É essa a situação que a gente vive, gente, é essa! É uma b…! E quem tá pedalando tá buscando uma alternativa, de trabalho, de vida melhor, com consequência pra cidade!”, desabafou, emocionada, arrancando aplausos dos presentes.
Cristiane Frison se emocionou em seu depoimento. Imagem: CMSP/Reprodução
Cristiane Frison se emocionou em seu depoimento. Imagem: CMSP/Reprodução
A bicicleta e o cicloativismo como aliados da cidade
 O próprio prefeito Fernando Haddad tem se mostrado favorável à inclusão da bicicleta como parte da solução para o problema que São Paulo enfrenta. O prefeito recebeu 12 ciclistas para uma reunião em março deste ano, uma semana após manifestações cobrando mais segurança, na sequência doatropelamento de David dos Santos na Avenida Paulista.
Na ocasião, Haddad disse que devemos enxergar a bicicleta como aliada da cidade. Esta reunião resultou, entre outras definições, numa campanha para proteção ao ciclista, que já foi gravada.
O vereador Ricardo Young fez questão de ressaltar a importância do cicloativismo como ação de cidadania: “A cicloatividade é caracaterizada por uma ação de cidadania. Hoje ela reúne talvez o que há de melhor ativismo na cidade de São Paulo, principalmente por repensar nos diversos modais  e na redução do [uso do] automóvel na cidade de São Paulo. E não teria sentido, por mais vantagens que aparentemente o licenciamento traria pro poder público, se esse licenciamento vier contrariar os interesses e a qualidade do trabalho que vocês fazem, sempre lembrando que todo o processo de licenciamento é um processo burocrático, passível de burocracia e complicadores, que muitas vezes fogem do controle dos legisladores”. E agradeceu os cicloativistas pelo trabalho que fazem pela cidade.
O vereador Ricardo Young solicitou a audiência pública, para que o assunto fosse discutido com os ciclistas. Foto: Rachel Schein
O vereador Ricardo Young solicitou a audiência pública, para que o assunto pudesse ser debatido com os ciclistas. Foto: Rachel Schein
E nós, ciclistas, agradecemos pela oportunidade de nos manifestar em Audiência Pública e apostamos na eficiência da Frente Parlamentar de Mobilidade Humana, que pode nos ajudar a derrubar esse projeto que não faz o menor sentido para quem luta por uma cidade melhor para todos.
Além do vereador Adilson Amadeu e dos integrantes da comissão (relacionados mais abaixo nesta página), também compareceram à audiência outros vereadores, como Police Neto (PSD), Roberto Trípoli (PV), Dalton Silvano (PV), Wadih Mutran (PP) e Paulo Fiorilo (PT).

Frases

Destacamos algumas citações importantes dos pronunciamentos que foram feitos durante a Audiência Pública, que ajudam a compreender o tom dos discursos. Um vídeo da íntegra da Audiência foi disponibilizado pela Câmara e pode ser visto nesta página.
“A gente está criando uma etapa que dificulta o uso da bicicleta, pra melhorar o uso da bicicleta? Não faz muito sentido.” – Thiago Benicchio
“Eu preferia que esse tempo que a gente está gastando aqui, que o dinheiro que será gasto com a criação dessa burocracia, fosse investido para tirar o atraso histórico de infraestrutura e tirar o atraso histórico de educação, que o ciclista precisa e que o motorista precisa pra compreender o uso da bicicleta” – Thiago Benicchio
“A bicicleta não é um veículo perigoso. Perigoso, por definição é algo que representa perigo. O que representa perigo em São Paulo são os veículos motorizados. São eles que causam o perigo. A bicicleta e vítima deste perigo” – Thiago Benicchio
“Eu acho q a Câmara Municipal deveria promover uma pedalada com todos os vereadores” - Vanir Fátima
“Meu filho de 25 anos quer adotar a bicicleta como meio de transporte e eu, que sou ciclista há mais de 30 anos, tenho medo” - Vanir Fátima
“O Sr. Adilson Amadeu  é do Partido Trabalhista Brasileiro, um partido que luta pelo direito dos trabalhadores (…) mas ele vai contra os trabalhadores de baixa renda que utilizam a bicicleta como meio de transporte, por conta dos 3,20 que eles consideram ser muito caro” - Carlos Crow
“Vão se colocar mais tributos em cima de um cidadão que comprar uma bicicleta? Uma bicicleta aqui não deveria custar mais de 200 reais” - Carlos Crow
“Não seria mais interessante usar a lei pra proteger o ciclista e não pra fiscalizar?” – Rachel Schein
“Qualquer queda o capacete vai me proteger, mas de um carro a mais de 40km/h ele não vai me proteger” - Roberson Miguel
“Qual o próximo passo? Emplacar o skate, emplacar o patins, emplacar o par de tênis?” - Cristiane Frison

Afinal, no que deu?

No depoimento final, Adilson Amadeu disse que “se for provado” que essa lei não funciona, ele mesmo retirará o projeto, mas que o PL precisa ser analisado pelas comissões. Entretanto, mesmo depois dessa afirmação e com todos os argumentos e dados apresentados durante a sessão,  o vereador publicou um texto completamente equivocado, acusando os ciclistas de exigirem seus direitos sem quererem cumprir seus deveres. “Clamaram por direitos, se omitiram sobre deveres”, diz o texto, em uma de inúmeras interpretações distorcidas sobre o que foi exposto na Câmara.
O vereador Coronel Telhada explicou em seu site que os vereadores agora vão “estudar a lei e os assuntos levantados pelos munícipes” para poder dar um parecer. Ricardo Young concluiu que “ficou claro o recado da sociedade sobre a rejeição do projeto” e reforça a informação de que os vereadores da Comissão reavaliarão a proposta para depois colocá-la em votação. “Hoje a Câmara viveu um momento alto do exercício da democracia”, defendeu Young. “Os pronunciamentos deram um exemplo do que deveria ser feito todos os dias na Casa”.

Como ajudar

Entre em contato com os vereadores que compõem a comissão onde o PL Será votado, esclareça seu posicionamento e peça que ajudem a barrar esse projeto, que só vem burocratizar e onerar o uso da bicicleta, além de obrigar os ciclistas, mesmo os menos experientes, a seguir à risca e sem exceções as leis de trânsito, o que, em situações e vias específicas, acabam por colocá-los em risco (sem falar da obrigatoriedade de acessórios). A prioridade deve ser tornar o trânsito seguro e receptivo aos ciclistas.
Presidente:
Senival Moura (PT) - 11 3396-4530 / senival.pt@ig.com.br

Vice-Presidente:
Claudinho de Souza (PSDB) - 11 3396-4255 / vereadorclaudinho@uol.com.br

Demais integrantes:
Ricardo Young (PPS) - 11 3396-4681 / ricardoyoung@camara.sp.gov.br
Vavá dos transportes (PT) - 11 3396-4672/4673/4854/4469 /vavadotransporte@camara.sp.gov.br
Aurelio Miguel (PR) – 11 3396-4258 / aurelio.miguel@camara.sp.gov.br
Souza Santos (PSD) - 11 3396-4242 / souzasantos@camara.sp.gov.br
Coronel Telhada (PSDB) - contato@coroneltelhada.com.br

As reuniões da comissão ocorrem às quartas-feiras, 12h, no Plenário 1º de Maio, 1º andar da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, 100 – Centro).
E-mail da comissão: transecon@camara.sp.gov.br

domingo, 18 de agosto de 2013

Passeio noturno reúne 7 mil ciclistas

São Paulo reune 7 mil ciclistas em passeio noturno


foto: Mauro Gomes

Começa mais uma noite de sábado em São Paulo, a cidade que não dorme. E em clima de festa, recebe 7 mil amantes do pedal para um passeio ciclístico noturno, embaixo de muita luz, agito e alto astral. Trata-se do Night Riders, que transformou o centro da cidade em um verdadeiro mar de bicicletas.
Com o passar das pedaladas, o show de bikes estava só começando. Ciclistas em grupo de amigos e família se juntaram àqueles que estavam sozinhos. E nem mesmo o frio e a garoa fina foi capaz de tirar a energia dos participantes. “Fomos chamadas por duas amigas e resolvemos participar da Night Riders por pura vontade de se divertir”, afirma Maria Cristina, uma das mais animadas.
“Eu costumo participar de provas de corrida de rua, mas está é a primeira ciclística. Por esta razão, reuni minhas amigas e meu marido para aproveitarmos o que há de melhor na cidade. Afinal, não é sempre que podemos pedalar no centro da cidade à luz da noite”, ressalta.
Enquanto isso, Luis Antonio Bascos estava super animado e afirma esperar por outras provas: “Vim para curtir o clima conhecer gente nova e aproveitar o que a vida tem de melhor”, comenta o coordenador de obras que lamenta não poder pedalar no dia a dia.
“Eu gostaria de ir até o trabalho pedalando, mas como moro em outra cidade e trabalho em São Paulo, fica um pouco complicado. Assim, chamei meus amigos para me animar, festejar e, é claro, pedalar”, ressalta Luis.
Para Sérgio Simões, projetista de obras, a paixão pelo ciclismo já é antiga. “Eu costumo pedalar sempre, principalmente pela ciclovia do Rio Pinheiros. Hoje estava aqui por curiosidade, para saber um pouco mais como é unir festa com pedal”, afirma Sérgio.
“Como no dia a dia eu pedalo sozinho, resolvi trazer meu filho para curtir esta festa linda comigo. É um prazer imenso ter pedalado com ele, ainda mais pelo fato de ser um passeio por entre os pontos históricos e turísticos de São Paulo. É realmente maravilhoso ter passado por aqui esta noite”, finaliza empolgado.
O 1º Night Riders saiu do Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo e passou por diversos pontos turísticos da cidade como a Catedral da Sé, o Pátio do Colégio, o Edifício Banespa, Theatro Municipal, a equina da Ipiranga com a Avenida São João e o Minhocão, em um total de 10 km de percurso.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sempre há espaço para estrutura cicloviária

velocity_viena_2013

O que é a Velo-City
Uma conferência de planejamento
O que é a Velo-City
Uma conferência de planejamento cicloviário mundialmente respeitada, unindo milhares de especialistas que compartilham suas experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte urbano.
A Velo-City ocorre anualmente. Nos anos ímpares, é sediada sempre em um país europeu e tem abrangência “local”, tratando geralmente apenas da Europa e com foco na região onde é organizada. Nos anos pares, é chamada de Velo-City Global e tem abrangência mundial, atraindo especialistas de todo o planeta em discussões de altíssimo nível.
 cicloviário mundialmente respeitada, unindo milhares de especialistas que compartilham suas experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte urbano.
A Velo-City ocorre anualmente. Nos anos ímpares, é sediada sempre em um país europeu e tem abrangência “local”, tratando geralmente apenas da Europa e com foco na região onde é organizada. Nos anos pares, é chamada de Velo-City Global e tem abrangência mundial, atraindo especialistas de todo o planeta em discussões de altíssimo nível.
Mais informações, em inglês, no site da Federação Europeia de Ciclistas.
O que é a Velo-City
Uma conferência de planejamento cicloviário mundialmente respeitada, unindo milhares de especialistas que compartilham suas experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte urbano.
A Velo-City ocorre anualmente. Nos anos ímpares, é sediada sempre em um país europeu e tem abrangência “local”, tratando geralmente apenas da Europa e com foco na região onde é organizada. Nos anos pares, é chamada de Velo-City Global e tem abrangência mundial, atraindo especialistas de todo o planeta em discussões de altíssimo nível.
O que é a Velo-City
Uma conferência de planejamento cicloviário mundialmente respeitada, unindo milhares de especialistas que compartilham suas experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte urbano.
A Velo-City ocorre anualmente. Nos anos ímpares, é sediada sempre em um país europeu e tem abrangência “local”, tratando geralmente apenas da Europa e com foco na região onde é organizada. Nos anos pares, é chamada de Velo-City Global e tem abrangência mundial, atraindo especialistas de todo o planeta em discussões de altíssimo nível.
Mais informações, em inglês, no site da Federação Europeia de Ciclistas.



A caminho do Velo City Viena, pedi ao Vá de Bike uma dica do que gostariam de assistir por lá, para que eu trouxesse informações para um post. Assisti então à apresentação There’s Always room for cycling infrastructure! (sempre há espaço para infraestrutura cicloviária), do Engenheiro Sênior e Consultor Cicloviário Philip Loy, ao qual  agradeço pela colaboração com este artigo. Para a realização da viagem à Viena, contamos com patrocínio do Banco Itaú, que vem apoiando e patrocinando diversas atividades e organizações pró-mobilidade por bicicletas, em busca de cidades melhores.

Os ciclistas já sabem: existe espaço nas ruas para infraestrutura cicloviária. Afinal, estamos nas ruas e sabemos que esse espaço existe. Mas a bicicleta, embora cada vez mais falada e cogitada, ainda não é levada a sério como deveria. Se mesmo na Europa ainda é assim, imagine aqui! Por isso é muito comum ouvirmos, como resposta à busca de infraestrutura cicloviária, que não há espaço para as bicicletas no viário.
Justamente pra quem ocupa menos espaço, é mais difícil ceder, mesmo que um pouquinho. Mas perceba: nos casos de grandes eventos e de obras emergenciais ou de infraestrutura. como água, esgoto, metrôs, BRTs, o espaço sempre surge. Normalmente, ocupando uma área muito maior do que se usaria para a infraestrutura cicloviária. E, mesmo assim, a cidade não para.

O congestionamento que evapora

O congestionamento causado por diferentes intervenções, de longo período ou permanentes, tem a capacidade de evaporar. É o Traffic Evaporation (evaporação de tráfego), segundo a publicação Reclaiming the Strees for people: Chaos or quality of life? da Diretoria Geral de Meio Ambiente da Comunidade Européia:
“A experiência em muitas cidades europeias é que:
  • Problemas de trânsito posteriores a intervenções são geralmente bem menos sérios que o previsto
  • Após um período inicial de ajustes, parte do congestionamento que surgiu nas vizinhanças da intervenção desaparece ou “evapora”, devido às mudanças de comportamento e de rotas pelos motoristas
  • Como resultado, o ambiente urbano se torna mais habitável em muitos aspectos.”
“Os motoristas procuram novas alternativas para seus deslocamentos, seja mudando o percurso ou o modo de transporte”, esclarece Phillp Loy. O gerenciamento da demanda e campanhas promocionais e de marketing podem ajudar muito neste processo de adaptação.
Seguindo esta linha de pensamento, se torna claro que intervenções cicloviárias que ocupem espaço na via, logo terão os “problemas” gerados sanados e muitos outros problemas locais de deslocamento também serão solucionados pela nova infraestrutura cicloviária, resultando em um saldo positivo para a cidade.

RESTRIÇÕES A INVESTIMENTOS
Porém o veículo que mais deveria receber atenção é o menos atendido. Afinal grandes obras são coisas sérias, exigem engenharia, projetos, concreto, asfalto, verbas… E bicicletas? São apenas aquele brinquedo de criança de nos remete a juventude?
Um exemplo recente disso foi a liberação, por parte do Governo Federal, de R$ 50 bilhões para o setor de transportes. A bicicleta nem foi mencionada, apesar termos sido convidados para debater o assunto em Brasília. Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro requisitaram mais de R$ 20 bi desse montante, mas zero para bicicletas. O Rio, que se intitula a Capital das Bicicletas, apresentou seu plano para gasto da verba: Metrô, BRT, VLT. Bicicletas? Ora não brinque comigo, estamos falando de coisa séria! “Embora possa não parecer assim para alguns, a bicicleta pode, de fato, ser a mais séria forma de transporte de todas”, destaca Loy.
E o consultor cicloviário conclui: “Sempre existe espaço para infraestrutura cicloviária. As restrições são políticas e não técnicas“.

Exemplos

Veja abaixo alguns exemplos de intervenções no Rio de Janeiro e a convivência com as obras:
Av. Ataulfo de Paiva, Principal eixo viário Oeste-Leste do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Via totalmente bloqueada para obras da Linha 4 do Metrô por um período de dezoito meses. Após retensões e adaptações no inicio, hoje o bairro convive perfeitamente com as obras.

Av. Ataulfo de Paiva, Principal eixo viário Oeste-Leste do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Via totalmente bloqueada para obras da Linha 4 do Metrô por um período de dezoito meses. Após retensões e adaptações no inicio, hoje o bairro convive perfeitamente com as obras.
Outra imagem da mesma obra da Ataulfo de Paiva, já no trecho em Ipanema, onde se chama Visconde de Pirajá

Outra imagem da mesma obra da Ataulfo de Paiva, já no trecho em Ipanema, onde se chama Visconde de Pirajá
Túnel Sá Freire Alvim, no coração de Copacabana, um dos principais eixos viários do bairro. Uma faixa há vários anos vem sendo ocupada por obras do metrô e nunca fez falta ao viário em todos estes anos. Recentemente, uma segunda faixa foi tomada pelas obras da linha 4 e o trânsito permanece fluindo. Mas não se cogita transformar uma delas em via para bicicletas ao final das obras. Será devolvida aos motorizados.

Túnel Sá Freire Alvim, no coração de Copacabana, um dos principais eixos viários do bairro. Uma faixa há vários anos vem sendo ocupada por obras do metrô e nunca fez falta ao viário em todos estes anos. Recentemente, uma segunda faixa foi tomada pelas obras da linha 4 e o trânsito permanece fluindo. Mas não se cogita transformar uma delas em via para bicicletas ao final das obras. Será devolvida aos motorizados.

Zé Lobo é diretor geral da Transporte Ativo e trabalha por cidades mais humanas e cicláveis desde 1992.
fonte: vadebike

sábado, 10 de agosto de 2013

“Nossas cidades são bombas socioecológicas”


“Nossas cidades são bombas socioecológicas” – Entrevista com Ermínia Maricato


Ermínia Maricato não se surpreende com o fato de o transporte ter sido o estopim das manifestações que vêm ocorrendo nas cidades brasileiras. Nesta entrevista, a urbanista fala sobre o caos urbano e quase tudo que o compõe, mobilidade, mercado imobiliário, interesses das corporações, condições de vida, saúde…



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Não foi por falta de aviso! A urbanista Ermínia Maricato há alguns anos chama a atenção para os impasses na política urbana brasileira e alerta para o fato de nossas cidades serem verdadeiras bombas-relógio. Professora colaboradora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, da qual foi titular por mais de 35 anos, e professora visitante da Unicamp, Ermínia foi secretária Executiva do Ministério das Cidades (2003-2005) e de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (1989-2002), no governo Luíza Erundina. A autora de O Impasse da Política Urbana no Brasil (Editora Vozes), que integra o Conselho da Cidade de São Paulo, diante de tantos obstáculos para uma verdadeira reforma urbana, não quer mais saber de cargos, quer ser movimento social, ir para a rua.
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Alguma surpresa com o fato de as manifestações ocorridas em junho terem como estopim a situação do transporte coletivo?
Ermínia Maricato: Nenhuma. Eu estou surpresa de ver tanta gente surpresa com essa explosão, que é principalmente de classe média, mas não só. E sobre ter o transporte como o estopim. Há alguns anos falamos que o transporte é uma das principais questões. Também não estou surpresa de a direita estar na rua. Ao contrário, estava perplexa de ver a organização da direita nos veículos de comunicação, em eventos e fóruns que tenho frequentado e até em conselhos, como o de Desenvolvimento Urbano, por exemplo. Estou muito impressionada com o que está acontecendo com o chamado desenvolvimento urbano. Trata-se de uma involução, principalmente em função do mercado imobiliário.
Construímos, nos termos do capitalismo da periferia, cidades que são bombas socioecológicas devido à incrível desigualdade e segregação – nos últimos anos, com o boom imobiliário, a prioridade dada aos automóveis, às obras viárias, e ainda elevamos o grau dessa febre, com os megaeventos, a Copa. Realmente, as cidades estão entregues ao caos, a interesses privados, e as condições de vida da maioria estão piorando muito.
Por que você trata desenvolvimento como involução?
Ermínia: Existe um projeto para o crescimento do país. Nós tivemos as décadas perdidas e voltamos a investir em políticas públicas recentemente, e em transporte urbano não voltamos a investir. Existe um investimento que acompanha a Copa, mas, política de transporte urbano em nível nacional, nós não temos desde a década de 1980. Houve recuo nos investimentos em políticas públicas, habitação, saneamento e transportes, que estruturam as cidades. Em 2003, houve um retorno do investimento em saneamento, em torno de R$ 3 bilhões. Depois, em 2005, um retorno do investimento em habitação e saneamento. Em 2007, obras de infraestrutura urbana, com o PAC, e, em 2009, o programa Minha Casa, Minha Vida.
Como a recuperação do investimento se dá sem a reforma urbana, que tem como ponto central a questão fundiária e imobiliária, acontece do jeito que o diabo gosta. A apropriação principalmente da renda imobiliária e fundiária se dá por interesses privados e com aumento do preço do metro quadrado dos imóveis, que em três anos chegou a 151% em São Paulo e 185% no Rio de Janeiro. De 2009 a 2012, houve uma explosão no Brasil inteiro de preço do metro quadrado com despejos violentos, política que não esperávamos que fosse voltar tão rapidamente.
São Paulo teve episódios emblemáticos no ano passado.
Ermínia: Sim, mas há muitos incêndios e despejos em favelas. E uma das principais forças ligadas ao crescimento econômico e vinculada a essa tragédia é a mobilidade urbana. O transporte coletivo está em ruínas, não foi recuperado nos últimos trinta anos. E o automóvel entra fortemente no cenário com todas as consequências que estamos vendo.
O capital imobiliário disputa a semiperiferia e os pobres estão indo para mais longe. Temos uma reestruturação da ocupação metropolitana e urbana no Brasil a partir da especulação imobiliária sem controle fundiário e, finalmente, empresas de construção pesada priorizando o que decidem. Isso é incrível porque há cidades onde oferecem ao prefeito uma obra e não precisa ter Plano Diretor, nada… a obra sai e pronto! Se a obra é prioridade ou não, se está no Plano Diretor ou não, tanto faz.
Em São Paulo, a ampliação da Marginal Tietê é uma obra que contraria completamente a visão dos urbanistas sobre o que é prioritário. Do ponto de vista ambiental, então, é um desastre impermeabilizar ainda mais as margens do rio. Uma obra que custou R$ 1,7 bilhão. E pasmem! O ex-prefeito Gilberto Kassab deixou licitado um túnel de R$ 3 bilhões, que nem servirá para ônibus. Faz parte da operação urbana Águas Espraiadas. Felizmente pude falar sobre isso no Conselho da Cidade.
Vivemos uma situação de desmando nas cidades brasileiras. A política urbana realmente sumiu do cenário nacional. Política urbana não é um monte de obras.

Retirado de ”Nossas cidades são bombas socioecológicas” – Entrevista com Ermínia Maricato em 10/08/2013

Coloque-se no "seu" lugar

Basta se colocar no lugar dos outros

campanha irlandesa
Desenvolvida pela RSA (Road Safety Authority, órgão da Irlanda), essa campanha pede algo bastante simples a quem utiliza as ruas: que se coloque no lugar dos outros. Perceba que depois de cada susto que poderia ter virado tragédia, a pessoa vê a outra como ela mesma, compreendendo o que essa outra pessoa sentiu.
Um trânsito mais humano depende de muitos fatores. Mas, principalmente, de mais atenção ao trafegar e de conseguir se colocar no lugar do outro.





fonte: vádebike

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre preconceitos e ciclistas

Resposta à coluna de Sueli Arantes, de 03/08/2013, Diário da Manhã

O Brasil é hoje o quinto maior mercado consumidor de bicicletas no mundo, sendo 50% desta frota destinado a transporte (Abracico, 2007). Goiânia, por exemplo, já foi a capital nacional de uso de bicicletas, em função de sua topografia perfeita para a prática. De acordo com a divisão modal da CMTC (2006-2007), as bicicletas ainda representam cerca de 6% das viagens na cidade. O que ocorre é que o ciclista é, hoje, invisível: não estamos acostumados a percebê-los e eles estão confinados nos miolos dos bairros.
Hoje, o trânsito é, de fato, violento contra o ciclista e, consequentemente, este é o maior fator que impede as pessoas de usar bicicletas. Por isso, uma infraestrutura cicloviária deverá reduzir riscos e a agressividade, dando abertura para muitos novos usuários. Desta forma, a cidade se torna mais democrática, e aberta para que cidadãos adotem novas práticas de sustentabilidade.
Além disso, entende-se que um bom projeto de infraestrutura cicloviária deve prever paraciclos e percursos sombreados. Além disso, é fundamental que os destinos (empresas, escolas, instituições e terminais intermodais) possuam vestiários e bicicletários para dar apoio ao usuário. Por exemplo, no caso da UFG, já existe um vestiário destinado aos alunos, outro em construção e a previsão de construção de mais um. Ou seja, as soluções sustentáveis não são sempre as mais fáceis, mas, devem ser as que preferimos.
É preciso ter a percepção de que a cidade não é pensada apenas para a classe média ou ascendente. Muitos trabalhadores, como os da construção civil, estão acostumados a trocar de roupa ao chegar ao trabalho, tomar banho no final do dia e voltar para casa.
É sempre bom reforçar os benefícios do uso da bicicleta:
Benefício para o meio ambiente (redução de poluição, pouco ruído, menos consumo de combustíveis fósseis, etc), benefícios para o usuário (mais saúde, bem estar físico e mental, preço acessível, baixo custo de manutenção) benefícios para a cidade (menor necessidade de espaço público, infraestrutura barata, adequação da paisagem a escala humana, e não das máquinas, como grandes viadutos e vias expressas responsáveis por inúmeros acidentes em perímetros urbanos).
No Brasil pelo fato do automóvel ser símbolo de prosperidade e diferenciação social, a utilização da bicicleta como modo de transporte acaba sendo depreciada. Para muitos indivíduos esta utilização é considerada constrangedora, utilizando-a apenas para recreação.

por: Camilo Amaral, professor de Arquitetura da UFG / Luiza Antunes, professora de Arquitetura da UFG /  Fernando Chapadeiro, professor de Arquitetura da UEG / Ana Flávia Marú, graduanda em Arquitetura na UFG / Compõem o grupo de pesquisa e extensão Inove Mob.