sábado, 3 de setembro de 2011

22 de Setembro: DIA MUNDIAL SEM CARRO



Estamos a poucos dias do Dia Mundial Sem Carro de 2011. Este ano, a edição brasileira promete ser bem vigorosa e especial.
Acontece em todo o mundo, no dia 22 de setembro, o Dia Mundial Sem Carro. Neste dia, todas as pessoas são incentivadas a deixar o carro em casa e ir para o trabalho, escola ou passeio de uma maneira diferente. Seja de bicicleta, de transporte público ou até a pé. A ideia é mostrar que é possível cumprir sua rotina sem depender de um veículo motorizado poluente individual.
Nos últimos anos temos assistido a uma mobilização cada vez maior da sociedade no sentido de considerar a bicicleta como meio de transporte sério e viável, inclusive pelo próprio esgotamento do modelo de transporte atual, completamente centralizado nos carros.

A campanha do Dia Mundial Sem Carro nasceu na França, em 1998, com apenas 35 cidades participantes. Em 2000, outros países da Europa passaram a adotar a data e o manifesto tomou força. O movimento chegou ao Brasil em 2001, com a participação de 11 cidades. Em 2004, mais de 1.500 cidades participaram da ação, distribuídas em 40 países.
No ano passado, o número subiu para mais de duas mil cidades distribuídas em mais de 40 países. Praticamente todas as grandes cidades brasileiras participaram da iniciativa, dentre elas São Paulo, Belo Horizone, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Campo Grande, Natal, Maringá, Salvador, Belém, e muitas outras. Lembrando que para participar oficialmente, a prefeitura da cidade deve fechar uma ou mais ruas para otrânsito de automóveis.
Além do fechamento de algumas ruas, muitas outras atividades são realizadas neste dia, tais como: bicicletadas, panfletagens e desafios intermodais, no qual vários meios de transporte “disputam” para ver quem cumpre um determinado trecho em menor tempo. No ano passado a bicicleta venceu!
Há também a realização de passeios ciclísticos, caminhadas e a instalação de “vagas vivas”, onde a população é convidada a se conscientizar sobre o espaço público voltado para aconvivência, o lazer e áreas verdes que são geralmente ocupados pelos automóveis.
Todas essas atividades têm como objetivo levar à sociedade uma reflexão sobre os enormes problemas causados por um sistema de transporte apoiado no uso intenso de automóveis, sobretudo nos grandes centros urbanos. A população também é convidada a tomar contato com o uso de meios de transporte sustentáveis, sendo a bicicleta um dos principais destaques.
Já temos falado por aqui sobre as vantagens de se utilizar a bicicleta como meio de transporte, mas não custa repetir. A bicicleta é o melhor meio de transporte para pequenas distâncias, pois ela permite ao seu condutor praticar uma atividade física simultânea ao deslocamento, não polui o meio ambiente, tem um custo baixíssimo e é pouco afetada pelos congestionamentos, levando seu ocupante de porta a porta.
De acordo com uma pesquisa realizada em São Paulo pela CPTM e divulgada em setembro de 2009, o número de viagens em bicicleta praticamente dobrou na cidade nos últimos 10 anos, sendo que 71% das locomoções com bicicleta nos dias úteis se deram por causa do trabalho, 12% em razão de compromissos com a educação e 4% em atividades de lazer. Em números do ano passado, cerca de 300.000 viagens por dia são realizadas em bicicletas na cidade de São Paulo. Acreditamos que atualmente este número deve ser consideravelmente maior.
É cada vez mais comum vermos nas ruas ciclistas se deslocando para os seus trabalhos com suas bicicletas, apesar das condições de infraestrura precárias e muitas vezes até perigosas! Quem usa hoje a bicicleta como meio de transporte, em especial nos grandes centros, o faz “por amor a causa”, e não por uma política pública de incentivo. E boa parte dos ciclistas enfrenta a hostilidade e a desinformação por parte dos motoristas de veículos a motor.
Aos poucos, isto vem lentamente se modificando, com um início de integração da bicicleta com outro meios de transporte, com a disposição de alguns paraciclos distribuídos pela cidade, com a construção de algumas ciclovias (aqui não falamos das ciclofaixas de lazer, pois estas são sazionais e têm outro objetivo – como o próprio nome diz, são voltadas ao lazer, e não ao transporte), mas em um ritmo muito menor do que o exigido pela situação caótica que o trânsito vem atingindo, bem como a piora considerável do meio ambiente.
Para termos uma idéia, de acordo com a FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) morrem na cidade de São Paulo uma média de 12 pessoas por dia exclusivamente devido a poluição, sem contabilizar portanto as vitimas de acidentes de trânsito e outros incidentes relacionados com a insegurança das estradas e ruas. Um outro estudo conduzido pela FGV (Faculdade Getúlio Vargas) mostra que a cidade deixa de gerar quase R$ 27 bilhões por ano devido a perda de tempo nos congestionamentos e aos custos totais ligados aos acidentes e doenças derivadas do trânsito.

E se a rua não tivesse carros?
Infelizmente, o fato é que o modelo de desenvolvimento urbano que o Brasil promove ainda é calcado nadesigualdade. Temos acompanhado uma série de ações promovidas pelo governo em prol do incentivo ao uso do automóvel, como liberação de linhas de crédito especiais e incentivos fiscais para a compra, bem como a expansão da malha viária, sem que se invista no transporte coletivo e se cumpra minimamente uma lei de 1995 ( n.10.907) que prevê a construção de ciclovias em todas as novas avenidas, por exemplo.
Com a palavra, Márcio Fortes de Almeida, Ministro das Cidades, em entrevista à época do Dia Mundial Sem Carro de 2009: “Cada cidade tem uma situação de necessidade e os recursos vão sendo liberados à medida em que as prefeituras solicitarem as verbas. A bicicleta é fundamental. Com ela, você pode acessar um metrô, um terminal de ônibus, e não necessariamente vir de carro. Vamos cuidar mais do meio ambiente, diminuindo a emissão de poluentes”.
Lembramos que em Brasília, por exemplo, dos 600 quilômetros de ciclovias do projeto “Pedala-DF” prometidos, pouco mais de 10% estão disponíveis.
Mas nós podemos fazer a nossa parte, de maneira equilibrada, com eficácia e consistência.
- comece a planejar melhor seus deslocamentos, e nas distâncias mais curtas as percorra a pé ou de bicicleta;
- utilize transportes coletivos pelo menos um dia por semana para ir ao seu trabalho;
- dê preferência aos meios de transportes não-poluentes, e ao utilizar seu automóvel, dirija com economia;
- prefira automóveis com propulsores movidos a álcool, que é menos agressivo ao meio ambiente.
Veja algumas definições sobre o Dia Mundial Sem Carro:
“Trata-se de um manifesto/reflexão sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento” – Mountain Bike BH
“O objetivo principal do Dia Mundial Sem Carro é estimular uma reflexão sobre o uso excessivo do automóvel, além de propor às pessoas que dirigem todos os dias que revejam a dependência que criaram em relação ao carro ou moto” – Vá de Bike!
“A mobilização é um exercício de reflexão sobre a dependência e o uso (muitas vezes) irracional dos automóveis em nossa sociedade. Afinal de contas, tem gente que não vai até a padaria da esquina sem usar o carro” – How Stuff Works





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