sábado, 24 de setembro de 2011

2 pontos-de-vista a respeito do Dia Mundial sem Carro: escolha o seu!



É uma bicicletada? É a marcha da maconha? É a parada gay? Não, é a marcha do engarrafamento... Todo dia, em uma rua próxima a você!


Lentos e Furiosos

(No Dia Sem Carro, ciclofaixa fica vazia e carro invade faixa de ônibus; à noite, índice de congestionamento atingiu a média máxima da cidade.)

DE SÃO PAULO

A capital paulista teve muito engarrafamento e desrespeito às iniciativas propostas pelo poder público ontem, quando foi comemorado o Dia Mundial Sem Carros.
Às 19h, havia 123 km de lentidão na capital, número que chega na média máxima no ranking de engarrafamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Com sinalização tímida e sem orientação dos marronzinhos, as faixas exclusivas para a carona solidária, em nove avenidas movimentadas, não foram respeitadas. "Nossa, juro que nem tinha visto", disse o empresário Ananias Gonçalves, 55, na tarde de ontem, sozinho em seu carro na faixa exclusiva na av. Luiz Dumont Villares.
Na Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em Pinheiros (zona oeste), que fechou o estacionamento para inibir o uso do carro ontem, funcionários entregaram ao secretário Bruno Covas um abaixo-assinado protestando pelo fato de haver só 12 vagas no bicicletário. "Muita gente deixa de vir de bicicleta porque não tem onde parar", diz a estagiária Luiza Lamos.
Mas as trapalhadas na capital do carro não pararam por aí. A ciclofaixa entre a estação Butantã do metrô e a Cidade Universitária foi inaugurada ontem, mas não recebeu quase nenhum ciclista e já apresentava buracos.
"É o começo. Isso sempre foi uma reivindicação e a galera vai acabar abraçando", afirmou Johnny Araújo, 25, usuário solitário do espaço.
Na zona leste, a ampliação da faixa exclusiva de ônibus na Radial Leste estreou com desrespeito por parte de motoristas, motociclistas e até ciclistas em alguns trechos, durante o horário de pico.
Logo no início, próximo à avenida Aricanduva, zona leste, a Folha presenciou 20 invasões na faixa em cerca de dez minutos, por volta das 7h.
Das 40 pessoas ouvidas pela reportagem, apenas três disseram que optaram em deixar o carro em casa.
"Demorei menos e achei confortável. Vou adotar todos os dias", afirma Ana Maria Mayake.


NÃO AO CARRO

Outro tipo de transporte pode fazer a cidade ter uma vida melhor

WILLIAN CRUZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Usar outros meios de transporte que não o automóvel traz diversos benefícios pessoais e coletivos. O ponto comum é um gasto muito menor. E adotando bicicleta ou o pedestrianismo, há ainda economia de tempo e previsibilidade no deslocamento.
Além de usar melhor seu dinheiro, passa a ter mais tempo para você e sua familia. Libertando-se dos congestionamentos, logo nota-se diminuição do estresse e melhora no humor, que têm como consequência maior disposição e produtividade.
Quanto menos os carros forem utilizados, menos congestionamentos e poluição. Um ônibus carrega dezenas de pessoas, que se estivessem cada qual em seu carro emitiriam muito mais poluentes.
Diminui-se também acidentes e mortes no trânsito. O viário passa a ser melhor aproveitado. A área necessária para estacionamento diminui, permitindo calçadas maiores e ciclofaixas. Custos com saúde pública diminuem. Todos passam a sentir e viver mais sua cidade.
Mas para isso é preciso mudar o paradigma sobre o qual a cidade vem sendo construída há mais de 50 anos.
Quanto mais se oferece infraestrutura para os automóveis, como avenidas, viadutos e túneis, mais automóveis preenchem o espaço criado e mais o problema se agrava.
Infraestrutura gera demanda. A que tem sido criada estimula um uso cada vez maior do automóvel e da moto.

WILLIAN CRUZ cicloativista, criador do site Vá de Bike



SIM AO CARRO

Quem inventou o Dia Mundial Sem Carro não tinha o que fazer

BOB SHARP
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não sei quem inventou essa história de Dia Mundial Sem Carro e nem me interessa saber, não vai fazer diferença. Só sei que tal manifestação carece de qualquer sentido prático, coisa de quem não tem o que fazer.
O automóvel não é inimigo nem vilão. Pelo contrário, é uma das grandes conquistas do homem, um bem de consumo que lhe proporciona algo único: liberdade individual. Nenhum outro meio de transporte se iguala ao automóvel em disponibilidade para usá-lo na hora que quiser e quando quiser.
Nem mesmo o helicóptero, que chega perto, pode ser usado instantaneamente, as operações de decolagem e pouso não são tão simples. Perde-se ônibus, avião, trem; automóvel, nunca.
Problemas, claro que há. Trânsito parado, dificuldade de estacionar, custo, desvalorização, mas mesmo assim é um preço muito baixo pelo que se recebe em troca.
Aos que defendem o transporte público, pergunto como fazer para levar um bebê junto ao sair? É longe de ser conveniente levá-lo num ônibus ou metrô lotado.
Aos que advogam o uso da bicicleta, como fica num dia de chuva? Como fica no caso de ir trabalhar e chegar transpirando? Tomar-se-á banho no trabalho? Como fica para uma família ir de um lugar a outro?
Deixemos que a razão prevaleça sobre a emoção. Todos sairão ganhando.

BOB SHARP ex-piloto automobilístico e editor do blog AUTOentusiastas


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