segunda-feira, 4 de junho de 2012

Homens, sigam as Mulheres!


Historicamente, as mulheres tiveram papel essencial na transformação da sociedade. Sua participação em ações revolucionárias sempre inspiraram pessoas e mudaram histórias de vidas. Atualmente não é diferente:


por Aline Cavalcanti

Grupos de pedal feminino se espalham pelo Brasil

Avaliar as potencialidades de uma cidade “bike friendly” passa, sem dúvida, pela quantidade e qualidade de ciclovias, ciclofaixas, vias compartilhadas, estacionamento de bicicletas, integração com o transporte público, sinalização viária e toda a cultura de autoestima que atrai mais ciclistas. Mas o caminho inverso também é verdadeiro e não menos importante: a demanda gera infraestrutura.

Um artigo publicado pela Comunidade Científica Americana, apontou um novo indicador para saber o quão ciclável é uma cidade: o número de mulheres que pedalam nas ruas. Segundo a pesquisa, as moças estão menos habituadas a correr risco do que os homens, por isso, quanto mais mulheres pedalando, mais humanas e “amigas do ciclistas” são as cidades. Países que entenderam a importância em investir e estimular a segurança dos ciclistas já fazem seus planejamentos urbanos considerando a forma como as mulheres vêem o uso urbano e diário da bicicleta.
“Quanto mais mulheres pedalando, mais homens as seguirão” – David Byrne
No Brasil, além das várias ações que disseminam a cultura da bike, existem grupos e coletivos que procuram estimular especificamente as mulheres a repensarem suas relações com a cidade e utilizar a bicicleta de uma maneira segura e agradável. Eles são uma ótima oportunidade de promover encontros, conversas, compartilhar experiências, espelhar mais meninas e, principalmente, pedalar em grupo.

Você já reparou que o número de mulheres ciclistas vem aumentando consideravelmente?

Além da atual visibilidade da bicicleta, esse fato vem ocorrendo graças ao trabalho inspirador de algumas grandes mulheres que dão exemplo e desmistificam diversos tabus em relação à “dupla fragilidade” da bicicleta e do sexo feminino.
Entre essas figuras está, sem dúvida nenhuma a jornalista Renata Falzoni, que pedala desde 1974 quando trocou o carro pela bicicleta. Renata é uma pessoa muito importante para o cicloativismo e inspiração de vida a homens e mulheres do país inteiro.

Grupos femininos de ciclistas ganham as ruas


Pedalinas na Praça do Ciclista. Foto: Aline Cavalcante
Estimular que mais mulheres conquistem autonomia, liberdade, segurança e independência diante de um trânsito machista e hostil é um desafio e tanto.
Para isso, a cidade de São Paulo conta, desde 2009, com o Coletivo Feminino de Ciclistas – as Pedalinas – elas promovem oficinas de mecânica básica, ensinam a pedalar, fazem cicloviagens, entre outras atividades.
Outro grupo tradicional em SP é o Saia na Noite que recentemente completou 20 anos de vida. O grupo foi criado e organizado por outra figura ímpar na luta da bicicleta nessa cidade, a inspiradora Teresa D’Aprile. Se encontram semanalmente para pedalar, promovendo ainda pedais temáticos, como no Dia das Mulheres.
As Cíclicas de Porto Alegre. Foto: Aline Brandão
Porto Alegre/RS
Na capital gaúcha as Cíclicassurgiram há pouco mais de 1 ano, em fevereiro de 2011, num contexto muito peculiar: dois dias antes do atropelamento em massa que atingiu dezenas de pessoas, durante a Massa Crítica de Porto Alegre.
“Muitas de nós estávamos presentes naquele episódio triste. Mesmo assim, no encontro do mês de março 10 meninas compareceram com seus receios e insegurança, mas fizemos uma pedalada tranquila. Distraímos um pouco a cabeça no meio daquilo tudo”, contou Aline Brandão, integrante do grupo.
Impulsionadas pela experiência das Pedalinas em São Paulo, as Cíclicas nasceram com o intuito de promover o uso da bicicleta e ajudar as meninas a ter segurança no pedal. “Nos reunimos para trocar experiências e informações sobre a nossa querida bici e sobre o dia a dia das ruas de uma ‘Porto que não está tão Alegre’. Nos apoiamos umas nas outras e nos divertirmos muito pedalando”.
Salvador/BA
As Meninas ao Vento. Foto: Pablo Florentino
Em meio ao calor nordestino, as ‘Meninas Ao Vento’ encaram as ladeiras de Salvador sobre duas rodas, sem motor e com muito estilo. O grupo é contemporâneo das Cíclicas, nascido também em fevereiro de 2011, e agrega ao seu discurso o ‘cycle chic’ como forma de aproximar a bicicleta das pessoas.
“Adotamos o estilo por acreditar que pedalar com as suas roupas comuns, do dia a dia, é um fator a mais para encorajar o uso da bike como transporte”, conta Ana Elisa, integrante do grupo.
No início, as Meninas Ao Vento contavam com apenas 3 integrantes, por isso, segundo relata Ana Elisa, “era necessário a presença de alguns meninos convidados que ajudavam bastante durante o trajeto. Hoje em dia, já são muitas meninas que conseguem ir ajudando as outras e intervindo no trânsito para garantir a segurança das iniciantes durante o pedal”.
Pouco mais de um ano se passou e a realidade de Salvador já mudou muito. “Noto que muitas mulheres que começaram no Meninas ao Vento já estão autônomas com suas bicis pela cidade e também multiplicam sua autonomia fazendo bike anjo de outras. Muitas meninas, quando iniciantes, relatam quão importante é ver outra mulher pedalando de modo seguro nas ruas para que elas percam o medo e comecem a pedalar”
O grupo também promove oficinas e encontros temáticos.
Curitiba/PR
Apesar da fama de “capital mais verde e sustentável do Brasil”, Curitiba conta com um movimento forte de luta e legitimação do uso da bicicleta nas ruas. A Massa Crítica de lá é uma das maiores do país e, apesar do alto número de usuários de bicicleta, a cidade infelizmente enfrenta situações polêmicas quanto aos direitos e deveres do ciclista, como, recentemente, o uso das canaletas.
Fiquei sabendo recentemente, por meio do blog Ir e Vir de Bike, vinculado ao jornal Gazeta do Povo, que em novembro do ano passado foi formado o grupo Saia de Bike, que teve seu nome escolhido por votação pública na internet.
Apesar de promover discussões sobre o universo feminino, o Saia de Bike é um grupo que agrega todos os gêneros: homens e mulheres pedalam tranquilamente, em ritmo leve pelas ruas da cidade. “Discutimos questões que só as mulheres passam, como pedalar grávida, por exemplo. O ritmo é mais leve, suave, mas nada impede que todos participem”, informou uma das fundadoras do grupo, Anaterra Viana, ao site Ir e Vir de Bike.
Belo Horizonte/MG
As ladeiras de BH não assustam as meninas do Pedal de Salto Alto. O grupo foi formado em 2010 e, como o próprio nome já remete, também agrega os valores do cycle chic entre as participantes.
“Somos um grupo de mulheres que incentiva o uso da bicicleta em suas diversas modalidades: transporte, lazer e esporte. Cada uma no seu estilo, todas serão bem-vindas”, diz a apresentação no site das meninas. Elas se reúnem a cada dois meses na Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH
Natal/RN
Uma novidade fresquinha é o nascimento das Pedalinas Potiguares, mais um grupo de pedal feminino localizado no Nordeste do Brasil. Elas se reuniram pela primeira vez em abril desse ano e pedalaram num grupo misto (com homens e mulheres) pelas ruas de Natal.
Segundo constam os relatos do site, as Pedalinas Potiguares surgiram com a proposta de também incentivar as meninas a pedalar. “O grupo visa unir as mulheres que já pedalam nos diversos grupos de cilistas da cidade para, juntas, mostrar que nós também temos espaço no ciclismo e merecemos o devido respeito e atenção no trânsito”.
Manaus/AM
Direto do extremo norte do Brasil recebemos a ótima notícia da existência do grupo feminino Amazonas de Bike, um projeto realizado em parceria com o grupo Pedala Manaus, para promover o encontro das meninas que escolheram a bicicleta como estilo de vida. “Nosso objetivo é desmistificar a figura da mulher ciclista e aumentar o número de mulheres que pedalam. Aqui somos mulheres comuns, inclusive atletas, que gostam, amam, adoram pedalar”, diz a descrição na página do Facebook.
Post dedicado à todas as mulheres que pedalam nas cidades brasileiras – especialmente às que faleceram exercitando seu direito, legítimo, de ir e vir.
fonte: vadebike 

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