quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dicas de Segurança no Trânsito 2012 - parte 2: POR QUE NÃO PEDALAR NA CONTRAMÃO?

Regras no Trânsito: Não pedale na contramão!





AUTOR: William Cruz
Relacionei abaixo vários motivos para não pedalar na contramão. Dá para escrever páginas e páginas sobre esse assunto, juro que tentei ser sucinto.
Os números entre parênteses referem-se às fontes de onde retirei as informações (citadas e linkadas no final do texto).
Não é mais rápido: Ao contrário da crença polular, ciclistas que se integram ao fluxo normal de veículos chegam mais depressa ao destino. Quando você entra na contramão tem que parar ou diminuir o ritmo a todo instante (pelos motivos expostos nos itens abaixo), enquanto integrado ao fluxo de veículos você desenvolve velocidades maiores (principalmente considerando-se a velocidade média, que é o que determina a duração do trajeto) (1).
Não é mais seguro: A maneira mais segura de pedalar no trânsito é fazer parte dele De acordo com estudos científicos sobre colisões, têm cerca de cinco vezes menos chances de colisão que ciclistas que fazem suas próprias regras em vez de se integrar às que já valem aos demais veículos (J. Forester; Effective Cycling. Cambridge, MA, MIT Press, 1993) (1). Segundo Bruce Mackey, diretor de segurança para Bicicletas em Nevada, 25% dos acidentes com ciclistas nos EUA resultam de ciclistas pedalando na contramão (6).
Não há tempo de reação: Mais de 50% dos acidentes são de responsabilidade do próprio ciclista (2) – alguns citam 90% (5) – e em menos de 1% dos acidentes o ciclista sofre uma colisão traseira (2). Você tem a sensação psicológica de que está mantendo a situação sob controle, quando na verdade NÃO ESTÁ. Se você vê um carro desgovernado vindo na sua direção, não dá tempo de desviar dele, principalmente porque suas velocidades estarão potencializadas, ou seja: a velocidade com a qual o carro se aproxima de você é a sua somada à dele. Um carro a 60km/h com você a 20 estará chegando a você a 80km/h. Se vocês estivessem na mesma direção, ele chegaria a você com metade dessa velocidade: 40km/h. Com o bom uso de um espelho e de seus ouvidos, você tem o dobro do tempo de reação. O carro também tem esse tempo e é mais importante o carro desviar de você do que você desviar dele, porque ele consegue desviar melhor. Você não consegue jogar sua bicicleta cinco metros para o lado em um segundo, mas o carro pode fazer isso se houver tempo suficiente.
Em caso de colisão, os danos ao seu corpo serão bem maiores: Pelo mesmo motivo do item anterior (soma de velocidades), se você bater de frente com o carro vai sofrer muito mais. E ainda há um agravante, a inércia. Se você está indo no mesmo sentido do carro, ele vai pegar primeiro sua roda traseira e você sairá voando por cima do guidão devido à inércia – era seu movimento anterior, a bicicleta foi agarrada pelo carro e você continuou – ou devido à transmissão de energia cinética – o carro colidiu com a bicicleta, transferiu parte do movimento para ela e conseqüentemente para seu corpo; quando a bicicleta parar uma fração de segundo depois porque a roda de trás não gira mais, seu corpo sairá para a frente com o movimento transferido. Melhor voar por cima da bicicleta em direção, provavelmente, ao asfalto livre e estacionário, do que se chocar com um parabrisa ou capô que além de estar a um metro de você no momento da colisão ainda vem em sua direção, com a força de impacto de várias toneladas.
É mais difícil evitar a colisão: Andar na contramão é chegar nos carros mais depressa (3). Trafegando em direções opostas, tanto você como o motorista precisam parar totalmente para evitar uma colisão frontal. Trafegando no mesmo sentido, o motorista precisa apenas diminuir a velocidade para evitar a colisão, tendo muito mais tempo para reagir (1).
Você surpreende os carros: Como você chega mais rápido nos carros, você os pega de surpresa. Principalmente em curvas à direita: o motorista está fazendo a curva quando de repente aparece você vindo na direção dele. Não há tempo de reação, ele não consegue frear, não pode ir para a esquerda porque há outros carros, na direita tem um carro parado. Você também não pode se jogar para a calçada, há carros parados. O que acontece? Se vocês estivessem no mesmo sentido, ele teria bem mais tempo para reagir, talvez até o dobro, e poderia apenas diminuir a velocidade para evitar a colisão. Um carro não estanca imediatamente, mesmo que o motorista queira, se esforce e tenha um freio ABS com pneus bons.
Os motoristas não te vêem nos cruzamentos: 95% dos acidentes com bicicletas acontecem em cruzamentos (2). Quando um carro entra num cruzamento, ele olha apenas para o lado do qual os carros vêm! Imagine um carro entrando numa avenida. Para que lado ele olha? Para a esquerda. Não vem carro, ele entra. Nisso você está chegando com sua bicicleta e ele te pega de frente (1). Não tem buzininha que resolva isso.
Os motoristas não te vêem ao sair das vagas e garagens: Ao sair de uma vaga em que está estacionado, o motorista olha para trás, seja pelos espelhos ou pela janela, para ver se há veículos vindo. O mesmo ocorre quando ele sai de uma garagem de prédio ou de um estacionamento. Ele não olha para a frente, afinal não vêm carros daquela direção. Você, vindo na direção do carro, nem sempre verá que o motorista vai sair da vaga e, quando vir, talvez não adiante mais frear. Ao sair, ele vai te pegar de frente, mesmo que você esteja parado. Esqueça se jogar para a calçada, há um carro estacionado do seu lado. Meus pêsames.
Os motoristas não te vêem ao abrir as portas dos carros: Se muitos já não olham pelo espelho para abrir a porta do carro e ainda culpam o ciclista por isso (4), imagine se vão olhar para a frente para ver se vem vindo uma bicicleta. A chance de levar uma portada é muito maior.
Os pedestres não te vêem: Quando um pedestre vai atravessar a rua, ele olha para o lado que os carros vêem. Preste atenção no seu próprio comportamento na próxima vez que for atravessar uma rua a pé. Com isso, pode acontecer de alguém aparecer do nada na frente da sua bicicleta, saindo do meio dos carros, de costas para você.
Se quer ser tratado como veículo, porte-se como um: Se você se comporta como um veículo, sinalizando suas intenções, respeitando mãos de direção, sinais de tráfego, faixas de pedestre e etc., os motoristas o respeitarão mais. “Se aquele cara se preocupa com tudo isso, não é um mané qualquer que está aqui só atrapalhando”. Se, por outro lado, você anda na contramão, você os incomoda (sim, isso incomoda muitos motoristas, que têm a sensação que você está ocupando um espaço que não é seu e deveria estar na calçada). Passar em todos os sinais fechados também os irrita (”o folgado ali só faz isso porque não leva multa mesmo”). Outras pequenas infrações também irritam os motoristas, seja por inveja, por uma falsa sensação de invasão de espaço pessoal ou pela sensação de injustiça (”pô, aquilo é proibido mas só porque ele tá de bicicleta ele pode fazer e eu não?”). Seja um modelo a ser espelhado e não um alvo da raiva e frustração alheia.


fonte: blig.ig

6 comentários:

  1. Muito massa, eu também acho que o papo é por aí mesmo.
    E sobre parte de respeitar os sinais de trânsito, e etcéteras, também concordo bem. Em horários cheios é o melhor a fazer. Lógico que o bom mesmo é o bom senso. Ficar parado à toa de madrugada, ou numa rua vazia, ou numa subidássa quando vc tá com embalo e dá pra passar, também não, né. Mas sinto respeito de motociclistas e motoristas ao me verem parado no sinal marcando como eles, usando a rua e se transportando como eles, só que usando outro veículo.

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  2. Aqui, em Vitória muitos ciclistas andando na contra-mão. Eles nunca foram fiscalizados mesmo em trechos onde existem soluções alternativas. Eu acho que é uma falha das autoridades que têm o dever de fazer respeitar as leis especialmente se para a segurança dos próprios usuários...

    Sobre a frase "Em caso de colisão, os danos ao seu corpo serão bem maiores", podemos notar que a probabilidade de morrer depende fortemente da velocidade relativa entre o ciclista e o carro. Acima de 36 km/h, vi um estudo que mostrava que tem um aumento brutal da probabilidade de morrer a partir dessa velocidade relativa. Se andar no sentido correto para ter essa diferença, se o ciclista anda a 25 km/h, o carro precisa estar acima de 61 km/h. Na contra-mão basta o carro estar a 11 km/h para ter uma velocidade relativa de 36 km/h! (esqueci onde eu li isso).

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  3. Precisamos repassar essas informações para os outros, realmente vejo muita gente andando de bike pela contramão e achando normal isso. #tenso.

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  4. Estou no 1% rsrs, um carro conseguiu me acertar em cheio na roda traseira e eu voei por cima do guidao(igualzinho na explicação) e cai de costas no asfalto, me machuquei claro, mas se eu estivesse na contramão seria muito pior, eu estava a 25km/h o carro devia estar uns 60km/h. as pessoas que conheço sempre me perguntam por que eu nao pedalo na contramão, e eu sempre tenho que explicar o óbvio.

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  5. Eu pedalava na contra mão, depois de ter provocado um infeliz acidente envolvendo um pedestre, percebi o quanto foi ignorância de minha parte não me atentar que o fluxo urbano segue uma lógica que transcende minha pequena percepção e ação. Realmente faz muito sentido, pra mim hoje, conservar no que é de conhecimento coletivo no transito urbano.

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  6. Discordo quanto as questões de somar as velocidades, para quem pedale em baixa velocidade. No restante das observações todas são verdadeiras e tenho experimentado algumas delas pois ando algumas vezes na contramão. Tenho que observar a regra!!!

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