sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre preconceitos e ciclistas

Resposta à coluna de Sueli Arantes, de 03/08/2013, Diário da Manhã

O Brasil é hoje o quinto maior mercado consumidor de bicicletas no mundo, sendo 50% desta frota destinado a transporte (Abracico, 2007). Goiânia, por exemplo, já foi a capital nacional de uso de bicicletas, em função de sua topografia perfeita para a prática. De acordo com a divisão modal da CMTC (2006-2007), as bicicletas ainda representam cerca de 6% das viagens na cidade. O que ocorre é que o ciclista é, hoje, invisível: não estamos acostumados a percebê-los e eles estão confinados nos miolos dos bairros.
Hoje, o trânsito é, de fato, violento contra o ciclista e, consequentemente, este é o maior fator que impede as pessoas de usar bicicletas. Por isso, uma infraestrutura cicloviária deverá reduzir riscos e a agressividade, dando abertura para muitos novos usuários. Desta forma, a cidade se torna mais democrática, e aberta para que cidadãos adotem novas práticas de sustentabilidade.
Além disso, entende-se que um bom projeto de infraestrutura cicloviária deve prever paraciclos e percursos sombreados. Além disso, é fundamental que os destinos (empresas, escolas, instituições e terminais intermodais) possuam vestiários e bicicletários para dar apoio ao usuário. Por exemplo, no caso da UFG, já existe um vestiário destinado aos alunos, outro em construção e a previsão de construção de mais um. Ou seja, as soluções sustentáveis não são sempre as mais fáceis, mas, devem ser as que preferimos.
É preciso ter a percepção de que a cidade não é pensada apenas para a classe média ou ascendente. Muitos trabalhadores, como os da construção civil, estão acostumados a trocar de roupa ao chegar ao trabalho, tomar banho no final do dia e voltar para casa.
É sempre bom reforçar os benefícios do uso da bicicleta:
Benefício para o meio ambiente (redução de poluição, pouco ruído, menos consumo de combustíveis fósseis, etc), benefícios para o usuário (mais saúde, bem estar físico e mental, preço acessível, baixo custo de manutenção) benefícios para a cidade (menor necessidade de espaço público, infraestrutura barata, adequação da paisagem a escala humana, e não das máquinas, como grandes viadutos e vias expressas responsáveis por inúmeros acidentes em perímetros urbanos).
No Brasil pelo fato do automóvel ser símbolo de prosperidade e diferenciação social, a utilização da bicicleta como modo de transporte acaba sendo depreciada. Para muitos indivíduos esta utilização é considerada constrangedora, utilizando-a apenas para recreação.

por: Camilo Amaral, professor de Arquitetura da UFG / Luiza Antunes, professora de Arquitetura da UFG /  Fernando Chapadeiro, professor de Arquitetura da UEG / Ana Flávia Marú, graduanda em Arquitetura na UFG / Compõem o grupo de pesquisa e extensão Inove Mob.

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