terça-feira, 6 de março de 2012

Bicicletas "atrapalham" o trânsito?


fonte: Vadebike


Bicicletas não atrapalham o Trânsito

Ciclista deixando para trás os carros estacionados na Av. Paulista. E olha que nem era horário de pico.
Há quem diga que uma única bicicleta em meio a centenas de carros está atrapalhando o trânsito, pela sua baixa velocidade. Também há quem tenha certeza de que uma Bicicletada ou Massa Crítica atrapalha o trânsito, por colocar centenas de bicicletas circulando ao mesmo tempo em uma avenida.
Mas uma bicicleta não congestiona. E, mesmo em uma Bicicletada, são centenas de bicicletas passando por ali durante um tempo em que passariam apenas algumas dezenas de automóveis. Em outras palavras, muito mais pessoas por minuto. O trânsito deve ser medido pela sua eficiência em transportar pessoas ou pela quantidade de carros que passam?

Como assim, “não congestiona”?

É verdade, bicicleta não congestiona. E a explicação é bem simples.
O que é congestionamento? Dezenas, centenas, milhares de carros parados. Anda, para, buzina. Acelera, freia, buzina. Você não anda porque há outro carro ocupando o espaço à sua frente. O sinal, abre, fecha, abre de novo e você não consegue chegar nele, porque há outro carro ali e você não tem por onde desviar.
A bicicleta não congestiona simplesmente porque não precisa ficar parada esperando os outros veículos fluírem. Quando os carros param, a bicicleta continua. Bicicleta transita. E, em muitos casos, bem mais rápido que os automóveis.
O vídeo abaixo mostra bem o que tento explicar. Assista e responda: quem está congestionando?

Mas a bicicleta não é bem mais lenta?

Como a velocidade máxima que uma bicicleta pode atingir é bem mais baixa que um carro, cria-se a ilusão de que deslocar-se com ela levará sempre muito mais tempo. Mas os carros não circulam em velocidade máxima todo o tempo. Aliás, boa parte do tempo em que o carro está ligado, o motorista está parado esperando alguma coisa: o sinal abrir, o carro da frente andar, ou, para os mais educados, um pedestre atravessar.
A bicicleta tem baixa velocidade máxima, mas a média costuma ficar acima da dos carros nos horários de pico. Em São Paulo, a velocidade média dos carros chega a 15km/h – e olha que esses dados são de 2009! Não encontrei informação mais recente, mas convenhamos: dificilmente melhorou.
Uma bicicleta circulando devagar faz facilmente uma média mais alta que essa. Quem pedala nas ruas e usa um ciclocomputador para medir a velocidade pode lhe provar isso sem o menor esforço. Um ciclista rápido faz uma média acima de 20 km/h, tranquilamente. Mas mesmo quem pedala com mais calma se mantém acima dos 15 sem esforço.

Mais pessoas por minuto

Justamente por não sofrer as consequências do congestionamento, por fluir melhor, por caberem mais bicicletas em um mesmo espaço e pelo fato dos carros transportarem geralmente uma única pessoa, é possível deslocar muito mais pessoas por minuto em bicicletas do que em automóveis, dado um mesmo espaço viário.
Não acredita? Assista o vídeo abaixo e conte: no mesmo espaço de tempo, passam oito carros (e uma moto), contra 32 bicicletas passando sem pressa. E olha que os carros ficaram com 5 segundos de dianteira! :)

E a Bicicletada, com tudo aquilo de gente?

Você já esteve na rua quando uma Bicicletada passa? No máximo em alguns poucos minutos, centenas de bicicletas passam. Em seguida, a rua volta a ficar saturada de automóveis e ninguém mais passa. Todos voltam a fluir em baixa velocidade, com aquele anda e para constante.
As bicicletas não ficam paradas, bloqueando a rua como os carros congestionados. Quem está em um carro atrás, só precisa esperar um pouco, como esperaria do mesmo jeito se houvesse uma centena de carros à sua frente. Aliás, esperaria lá para trás, porque centenas de bicicletas ocupam o espaço de poucas dezenas de automóveis. E esperaria mais, porque sinal aberto não significa que todos os vinte carros daquela quadra conseguirão passar…
A impaciência dos motoristas vem mais do fato de serem bicicletas à sua frente, e não automóveis, do que do impacto real no trânsito. Para entender melhor, imagine se em vez de trezentas bicicletas você tivesse na sua frente duzentos automóveis. Quantas quadras ocupariam? Quantas aberturas de semáforo seriam necessárias para escoá-los?

Um comentário:

  1. Guilherme você vai gostar do conceito velocidade generalizada. Com esse conceito a conta fica pior ainda, inclui o tempo que você demora para comprar o carro, a gasolina para calcular a velocidade média. Já devo escrever um artigo sobre esse assunto faz tempo. Ficou engavetado. Com os últimos eventos trágico, fiquei perturbado, mudou o foco!!

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