sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Essa é a crônica de uma morte anunciada. Assim como as outras tantas que infelizmente virão... são150 vidas todos os dias. Outros 600 brasileiros ficam inválidos a cada 24 horas.


BÊBADO, MOTORISTA EM SEU AUDI A3 MATA CICLISTA!
foi em Curitiba, mas poderia ser aqui em JF!




Não dá para chamar de acidente. Acidentes são eventos imprevistos, inesperados, fortuitos. O que esperava o monstrorista Savo Cicilovicenquanto dirigia bêbado, às 7 horas da manhã, o seu Audi A3 em alta velocidade pela Avenida Comendador Franco (das Torres), entre Curitiba e São José dos Pinhais?
Nessa quinta-feira (18), ele atropelou e matou o ciclistaOsmar da Cunha, de 38 anos, que transitava de bicicleta pelo lado direito da pista, direito que lhe é garantido e assegurado pelo Código de Trânsito Brasileiro. A mesma lei que lhe resguarda a distância de 1,5 metro de segurança de qualquer veículo.

Não é o primeiro ciclista que morre atropelado neste ano em Curitiba. Provavelmente não será o último. Aqui, ninguém está nem aí para as leis de trânsito. Vale a lei da selva nas ruas da capital mais motorizada do país.
O motorista é um empresário, de 35 anos, sócio-diretor de uma empresa de “Soluções Ambientais” em São José dos Pinhais. Praticante de musculação, amante de música eletrônica e com quase cinco mil amigos no Facebook, ele agora também carregará para o resto da vida o peso da morte de um inocente.
Segundo informações da Polícia, depois do acidente o motorista fugiu sem prestar socorro. Voltou minutos depois, provavelmente arrependido quando a polícia já estava no local.
Se recusou a fazer o teste do bafômetro. “Isso pode me complicar”, teria alegado. Mesmo assim, para os policiais, ficou evidente o estado de embriaguez.
Ele agora está preso e responderá por homicídio com dolo eventual – quando se assume o risco de matar. Provavelmente estará solto dentro de alguns dias. Sabe como é, né? Tem dinheiro, poder, é réu primário, tem emprego e residência fixa. Logo, também, estará dirigindo novamente.

Já o ciclista está morto. Continuará morto. Não tem direito a recurso, habeas corpus nem advogado. Nem teve direito a defesa: nem à restrita, quanto mais à ampla. Resta a família chorar sua dor.
Para todos os outros, a vida segue. Tanto para quem dirige quanto para os outros ciclistas que vem e vão todos os dias de bicicleta pelas ruas da cidade, convivendo em um trânsito com motoristas-animais, que não respeitam as leis básicas de trânsito ou de civilidade.
De quem é a culpa?
Essa é a crônica de uma morte anunciada. Assim como as outras tantas que infelizmente virão. Já virou clichê dizer que o trânsito brasileiro mata mais que a Guerra do Iraque.
Aqui, perdemos quase 150 vidas todos os dias. Outros 600 brasileiros ficam inválidos a cada 24 horas. Por ano, no cálculo mais conservador, são 36 mil mortos.
Ainda assim, há quem argumente que a culpa é do pedrestre, que não perde a mania de atravessar fora da faixa.
Aparecerá um ou outro imbecil disposto a defender o motorista, jogando a culpa no ciclista por estar ali, naquela hora e naquele local, em um exercício tão mórbido quanto aquele que busca culpar dois jovens por terem tido a ousadia de se meterem na frente de um carro a 167 Km/h, guiado por outro motorista bêbado.
Mas na prática, ninguém faz nada. Cobrada por ciclistas, provavelmente a Prefeitura de Curitiba argumentará que o Ippuc tem um plano mirabolante para resolver tudo. Também vai dizer que acabou de criar uma câmara técnica para discutir melhorias no trânsito para os usuários de bicicleta.
Não adianta criar câmaras técnicas. A burocracia mata. A burrocracia também. Por aqui, falta vontade política. De acordo com dados do site 
Curitiba Aberta
a prefeitura cortou pela metadeo orçamento deste ano destinado a implantação e revitalização de infraestrutura cicloviária do município reduzindo a previsão de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão. Ainda assim, o executivo empenhou apenas R$ 126,2 mil.
Um pouco de tinta na lateral da Avenida das Torres, delimitando uma ciclofaixa, poderia ter evitado a morte do ciclista Osmar da Cunha.
A Avenida das Torres será reformada dentro do projeto de adequação da cidade para a Copa de 2014. Mas não consta no projeto a integração de uma ciclofaixa. Com R$ 1,8 milhão disponível no orçamento, dá pra comprar tinta o suficiente para pintar uma ciclofaixa de 10 km atravessando oito bairros da capital e ainda sobra troco.
É preciso cobrar a adequação do trânsito da cidade, com a integração da bicicleta como modal de transporte.
Uma ciclofaixa na Avenida das Torres seria capaz de integrar 8 bairros ao centro da capital – beneficiando diretamente mais de 150 mil moradores, além de conectar a cidade com São José dos Pinhais, município da região metropolitana com 260 mil habitantes.
É uma solução inteligente para compartilhar o espaço público entre carros e bicicletas, garantindo a segurança dos ciclistas, que são mais frágeis.
Mobilize-se
Use as redes sociais para cobrar ações efetivas....o>o......


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